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sexta-feira, 27 de maio de 2011

A necessidade da reencarnação: um recurso consolador

Há várias passagens na Bíblia, tanto no Antigo como no Novo Testamento, nas quais o conceito das múltiplas existências fica evidente. No entanto, é no encontro de Nicodemos com Jesus, narrado somente no Evangelho segundo João (capítulo 3, versículos 1-12) que a necessidade da reencarnação é enfatizada de forma categórica, não apenas sua necessidade mas também a forma como ela se processa. Por não aceitarem a reencarnação, estudiosos e tradutores de outras religiões fazem verdadeiras peripécias, um jogo de palavras, para confundir o verdadeiro sentido dessa passagem do Evangelho.
Nicodemos era fariseu, portanto, aceitava o conceito das vidas sucessivas. Homem rico, culto, inteligente, príncipe (chefe) do Sinédrio (assembléia de juízes judeus que constituía a corte e legislativo supremos da antiga Israel), na época do seu encontro com Jesus tinha 70 anos de idade.  A chegada da velhice o fazia pensar no que havia feito de sua vida. Sendo profundo conhecedor das Escrituras Sagradas, sabia, pelos ensinamentos dos profetas, que cada um seria julgado por suas obras. Ele, no entanto, apesar do grande conhecimento que possuía, embora nunca tivesse feito mal a alguém, igualmente nunca havia se preocupado em espalhar o bem além das fronteiras de seus relacionamentos pessoais. Era um homem bom mas sua bondade e dedicação haviam se limitado aos familiares e amigos.
Essa crise de consciência o perturbava e por isso resolveu procurar por Jesus. Vejamos a situação contraditória: um homem idoso, rico, culto e influente, tanto política como religiosamente, buscando apoio espiritual com um jovem que tinha menos da metade da idade dele, pobre, que não havia frequentado escolas e sem nenhum destaque no meio político e religioso da época. O normal seria o contrário, não é mesmo? Pelo inusitado dessa situação é que podemos fazer uma idéia do quanto Nicodemos andava aflito.
Ao saber que Jesus estava em casa de amigos, nos arredores de Jerusalém, resolve ir até Ele. Esperou que anoitecesse para não correr o risco de ser reconhecido por alguém. Essa atitude de Nicodemos nos mostra que muitos procuram se acercar de Jesus sem no entanto se comprometerem com seus ensinamentos.
Chegando à casa, bateu à porta e foi atendido pelo apóstolo João, o qual o conduziu até o aposento onde Jesus se encontrava. Foi recebido carinhosamente pelo Mestre. A serenidade de Jesus o encorajou a iniciar a conversa: "Rabi, sabemos que és mestre, vindo da parte de Deus, porque ninguém pode fazer estes milagres que tu fazes se Deus não estiver com ele." Ao que Jesus respondeu: "Na verdade, na verdade te digo que não pode ver o Reino de Deus, senão aquele que renascer de novo."
Essa resposta pareceu desconexa naquele momento, no entanto, bem mostra que Jesus sabia perfeitamente o que se passava no mundo íntimo do velho Nicodemos, o qual, apesar de aceitar o conceito das vidas sucessivas, ficou surpreso com o que ouviu, sem conseguir entender o que Jesus queria lhe dizer.  Por isso é que fez uma pergunta até certo ponto ingênua, como se desconhecesse totalmente o assunto: "Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura pode entrar no ventre de sua mãe e nascer outra vez?".
E Jesus continua, tentando esclarecer melhor o assunto: "Em verdade te digo que quem não nascer da água e do espírito, não pode entrar no Reino de Deus. O que é nascido de carne é carne, e o que é nascido do Espírito é Espírito. Não te maravilhes de eu te dizer que importa-vos nascer de novo."
Com essas palavras Jesus se aprofunda nos mecanismos em que se dá a reencarnação: renasceremos através da matéria (simbolizada pela água, que para os judeus simboliza o origem da vida física) e do Espírito, ou seja, com a bagagem espiritual trazida de outras existências; é o mesmo Espírito, a mesma individualidade, porém em outro corpo físico. Jesus ainda chama sua atenção para que não se surpreendesse diante dessas verdades pois não somente ele mas todos necessitam da reencarnação. Jesus tentava fazer com que Nicodemos, recordando o conceito das vidas, que ele conhecia, asserenasse seus pensamentos e apreensões pois o que não tivesse conseguido realizar naquela existência certamente poderia fazer em outras; que todas as suas conquistas espirituais e intelectuais não estariam perdidas.
Jesus termina o diálogo dizendo: "Tu és mestre em Israel e não sabes estas coisas?" E, dirigindo-se, em seguida, para toda a humanidade (notemos que Ele mudou o tratamento de 'tu' para 'vós') encerra dizendo: "Se quando eu vou tenho falado das coisas terrenas, ainda assim não me credes, como creríeis se eu vos falasse das celestiais?" 
O Espiritismo nos ensina que a reencarnação é uma necessidade para o nosso aperfeiçoamento espiritual e que deve ser encarada como um recurso consolador  e não como um castigo. Foi isso que Nicodemos, apesar de todo o conhecimento intelectual que possuía, não conseguiu compreender naquele momento. A certeza de outras oportunidades de existências no campo físico é um recurso misericordioso de Deus para com toda a humanidade, o que nos enche de esperanças no futuro, onde alcançaremos nossa felicidade integral.


(Tema apresentado na reunião pública do dia 23 de maio de 2011)

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