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domingo, 16 de setembro de 2012

Falando por parábolas


Por que Jesus falava, muitas vezes, por parábolas? Ou melhor: por que foi necessário que muitos ensinamentos de Jesus fossem transmitidos através de parábolas?
Essa também foi a pergunta que os seus  discípulos Lhe fizeram, logo após Ele ter contado a parábola do semeador (Mateus, 13:10-15).
Analisemos, primeiramente, o sentido da palavra parábola. Ela se origina no vocábulo grego “parabole”, que por sua vez deriva do verbo “paraballein” (colocar ao lado de; comparar); por isso, a palavra “parábola” significa literalmente “colocado ao lado de”; em outras palavras: colocar uma coisa ao lado de outra com a finalidade de comparação, ilustração.
Sendo assim, na atualidade, a parábola é uma estória na qual se empregam imagens comuns, colocadas “lado-a-lado” com o ensinamento moral que se quer transmitir. É um recurso pedagógico do qual Jesus se utilizava com frequência.
No livro "Parábolas de Jesus texto e contexto", de Haroldo Dutra Dias, o autor afirma que no hebraico haviam dois termos distintos:
- a raiz verbal “mshl” significando “comparar, ser ou tornar-se comparável a, ou tornar-se semelhante a.
- o substantivo “mashal” o qual apresenta uma grande quantidade de significados tais como: oráculo, provérbio, parábola, alegoria, máxima, adágio, dito satírico, ironia, insulto.
É possível perceber que “parábola” e “mashal” não significam a mesma coisa. Quando os antigos escritos hebraicos foram traduzidos para o grego, a palavra “mashal”, com significados muito mais abrangentes, foi traduzida como “parábola”. Como conseqüência, alguns trechos do Evangelho perderam seu sentido original, dificultando assim sua compreensão.
Temos igualmente vários exemplos em nossa época: “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, “onde há fumaça, tem fogo”, “é bom ser importante, mas é mais importante ser bom”, “comer pelas bordas”, “enquanto o cavalo é manso, ninguém anda a pé”, etc. Alguns só tem sentido em nossa língua; se fossem traduzidos para outro idioma, perderiam o sentido original, a rima deixaria de existir e as pessoas estrangeiras não as compreenderiam. Foi o que aconteceu na tradução do hebraico para o grego. O pensamento hebraico foi mantido mas a originalidade se perdeu.
Ao transmitir seus ensinamentos para o povo, Jesus utilizou a mesma tradição dos antigos hebreus: a transmissão oral dos ensinamentos. Essa era a forma utilizada já que a escrita e a leitura eram dominados por pouquíssimas pessoas. Além disso, a escrita era muito cara já que não existia papel como hoje, apenas o pergaminho e o papirus. Os livros sagrados ficavam somente nas sinagogas e no templo. Para memorizar os ensinamentos, os hebreus empregavam muitos trocadilhos, provérbios, rimas, comparações, poesias, cantos.
Jesus assim também o fez, principalmente quando se dirigia aos habitantes da região da Galiléia. Eram pessoas simples, preocupadas com as atividades diárias da pesca e da produção de alimentos; cumpriam suas obrigações religiosas mas não se perdiam seu tempo discutindo questões filosóficas em torno da religião.
Por isso Jesus empregava, com abundância, imagens e figuras relacionadas com a vida no campo, a atividade da pesca, as lições da natureza, pois faziam parte do cotidiano daquelas pessoas e elas conheciam muito bem. Dessa forma, seria mais fácil para elas memorizarem os ensinamentos de Jesus, mesmo que não conseguissem alcançar a profundidade moral de seus ensinamentos. Mesmo com a simplicidade de entendimento daquelas pessoas, com essa técnica de aprendizado empregada por Jesus, elas conseguiriam transmitir a outros, as lições recebidas. Quanta sabedoria Jesus possuía! Era, de fato, um mestre notável!
Utilizando essa prática, Jesus tocava o coração dos mais simples e confundia o suposto saber dos mais orgulhosos “porque eles vendo, não vêem, e ouvindo não ouvem, nem entendem”. Já aos discípulos, Jesus abordava as leis de Deus de forma mais aprofundada “porque a vós outros vos é dado saber os mistérios do Reino de Deus, mas a eles não lhes é concedido”, ou seja, os discípulos já possuíam capacidade maior de entendimento, por isso, receberiam maiores ensinamentos: “ao que tem, se lhe dará, e terá em abundância”.
Se, nos tempos de Jesus, a humanidade ainda não estava preparada para um entendimento mais aprofundado sobre as leis de Deus, séculos mais tarde, esses mesmos ensinamentos foram revividos e relembrados de forma mais amadurecida com o Espiritismo. A humanidade já se encontrava apta a receber ensinamentos mais aprofundados. É por esse motivo que a Doutrina Espírita, na atualidade, traz de volta os ensinamentos de Jesus de forma mais ampla, permitindo a aqueles que tem “olhos de ver” e “ouvidos de ouvir”, compreender melhor tais ensinamentos.É o que analisa Kardec, em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, cap. 24, item 7:
“O Espiritismo vem atualmente lançar a sua luz sobre uma porção de pontos obscuros, mas não o faz inconsideravelmente. Os Espíritos procedem, nas suas instruções, com admirável prudência. É sucessiva e gradualmente que eles tem abordado as diversas partes já conhecidas da doutrina, e é assim que as demais partes serão reveladas no futuro, à medida que chegue o momento de fazê-las sair da obscuridade.”

(Tema apresentado na reunião pública do dia 10 de setembro de 2012)